O Brasil do Lixão
Longe dos gabinetes luxuosos e refrigerados dos
políticos, há um Brasil, que, o Brasil é proibido de ver; o Brasil real.
Pobreza, sujeira e fone fazem parte de uma fotografia
em branco e preto, sem foto shop para maquiar, sem falsos heróis para salvar. Embaixo
da mentira há; um Brasil que necessita ser visto, ser resgatado.
Um, dos países mais ricos do mundo, o Brasil é uma
maquina de fazer miseráveis. Um biodigestor que transforma o suor do trabalhador
em riquezas, as riquezas em privilégios, os privilégios em exclusão social e a exclusão
social em poder político.
Maria mãe de
Jesus, Maria mãe da justiça, Maria mãe do Pedro que morreu baleado no caminho
do trabalho, Maria mãe da Izabel morta e esquartejada por um estranho animal, que
morava dentro de sua casa, enquanto brincava de bonecas, Maria mãe de João, espancado
até a morte por roubar um pão. Maria... Maria, toda Maria, mães do Brasil,
roguem por nós que estamos de joelhos.
Sentados, não deitados, em berço esplendido vemos um
país que produz maravilhas: aviões, para os ricos transportarem os bilhões sonegados
e desviados dos cofres públicos; helicópteros, para os ricos passarem por cima
das favelas, dos lixões, dos calçadões das loucas metrópoles e não sujarem os
sapatos de cromo italiano nas cacas dos mendigos; champanhe, não, espumante, já que é maid in Brasil,
para comemorar as falcatruas e maracutaias do poder.
Mas, o que o Brasil produz de melhor é fome.
Fome de
justiça, fome de educação, fome de cultura, fome de segurança, fome de saúde,
fome de ética, fome de honestidade, e, até, fome de comida.
No Brasil de verde, não há políticos; há gente tratada
como lixo, e, lixo que alimenta corpos e almas vazios. Gente de pele bronzeada de sujeira queima de
cal, cortada por cacos de vidro e perfumadas por uma doce fragrância de
chorume.
No Brasil de mentiras dos gabinetes perfumados e ventilados,
há lixo tratado como “gente”.
Hélcio Santiago
Fotos: Jornal do Brasil
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