O beija mãos da Corrupção
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Extorsão no Ministério do Trabalho: assessores
de Lupi são acusados de cobrar propina de ONGs para liberar repasses.
Relatos de diretores de ONGs, parlamentares e servidores revelam
que caciques do PDT transformaram órgãos de controle da pasta em instrumento de
extorsão.
Deputado federal Weverton Rocha: "equipe muito profissional"
Reportagem de
VEJA desta semana revela que caciques do PDT comandados pelo ministro do
Trabalho, Carlos Lupi, transformaram os órgãos de controle da pasta em
instrumento de extorsão. Conforme relatos de diretores de ONGs, parlamentares e
servidores públicos, o esquema funciona assim: primeiro o ministério contrata
entidades para dar cursos de capacitação profissional, e depois assessores
exigem propina de 5% a 15% para resolver 'pendências' que eles mesmos criam.
O Instituto Êpa, sediado no Rio Grande do Norte, foi um dos
alvos do achaque. Após receber em dezembro de 2010 a segunda parcela de um
convênio para a qualificação de trabalhadores no Vale do Açu, a entidade entrou
na mira dos dirigentes do PDT. O ministério determinou três fiscalizações e
ordenou que não fosse feito mais nenhum repasse. Ao tentar resolver o problema,
os diretores do instituto receberam o recado: poderiam regularizar rapidamente
a situação da entidade pagando propina. Para tanto, deveriam entrar em contato
com Weverton Rocha, então assessor especial de Lupi, ou Anderson Alexandre
dos Santos, coordenador-geral de qualificação. Ambos respondiam
a Marcelo Panella, então chefe de gabinete, homem de confiança do ministro
e tesoureiro do PDT.
De acordo com os relatos obtidos por VEJA, Weverton era um dos
responsáveis por fixar os valores da propina, e a Anderson cabia fazer o
primeiro contato. Feito o acerto, o dinheiro era entregue a um emissário do
grupo no Rio de Janeiro. "Você não tem defesa. Já prestou serviço e
sofre a ameaça de não receber. Se o sujeito te põe contra a parede, o que você
faz?", diz um dos dirigentes da ONG Oxigênio, outro alvo de achaque, que
admite ter desembolsado 50 mil reais para resolver 'pendências'. "Quando
você tenta resistir, sua vida vira um inferno."
O Palácio do Planalto monitora o caso. Deputados federais do
próprio PDT contaram a Giles Azevedo, chefe de gabinete de Dilma, que Panella
estaria cobrando propina de ONGs. Por ordem da Casa Civil, Panella
foi demitido dias depois, em agosto. Panella nega. "Saí porque não me
adaptei a Brasília", diz o ex-chefe de gabinete de Lupi por quatro anos.
Weverton, que assumiu em outubro mandato de deputado federal, também nega.
"Quando uma entidade te procura, é porque ela tem problema, mas nossa
equipe sempre foi muito profissional", diz.
Escândalos
em série - Em dez
meses, escândalos em série já derrubaram cinco ministros de Dilma Rouseff:
Antonio Palocci (Casa Civil), Alfredo Nascimento (Transportes), Wagner Rossi
(Agricultura), Pedro Novais (Turismo) e Orlando Silva (Esporte).
Leia
também: ONGs: O Caminho
Fácil para a Corrupção
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A Controladoria-Geral da
União (CGU) informou neste sábado detalhes da investigação sobre as
Organizações Não-Governamentais (ONGs) vinculadas ao Ministério do Trabalho.
Entidades notoriamente enroladas contavam com a vista grossa de dirigentes do
PDT instalados no ministério para continuar a receber verba pública. Reportagem da edição de VEJA desta semana mostra a facilidade com que o gaúcho
Adair Meira conseguia driblar as exigências da pasta. Duas de suas ONGs,
a Fundação Pró-Serrado e a Rede Nacional de Aprendizagem, Promoção Social
e Integração (Renapsi), justificavam a maioria de seus gastos com repasses para
organizações relacionadas com o próprio Meira.
Responsável por sete convênios com o ministério, a Pró-Cerrado
destinou 86% dos recursos que recebeu a outras três entidades. FPC, Funcer e
Renapsi, juntas, obtiveram 3,8 milhões de reais. E as três são presididas por
Adair Meira, como a Pró-Cerrado.
Há ainda um outro convênio, firmado pela própria Renapsi com o
ministério, no valor de 3,3 milhões de reais . Em todos esses casos, a CGU
constatou que a atividade-fim dos convênios, a capacitação profissional, era
mero pretexto para desvio de recursos. Os alunos atendidos não passavam de
assinaturas falsas em listas fornecidas pela entidade ao ministério.
A Controladoria detectou falhas na licitação e na execução dos
contratos, além da não-realização do objeto das parcerias. A análise teve
início ainda em 2008. Um dos trechos do documento lista os problemas
encontrados: “Contratação por meio de dispensa de
licitação indevida da entidade Renapsi sem que a entidade tenha comprovado
possuir a reputação ético-profissional; Contratação de entidade
que não tem como objetivo estatutário a educação
de jovens adultos. Apresentação de declarações e atestados inidôneos para fins
de Habilitação. Ausência de justificativas de preços”. O trabalho dos auditores
da CGU ainda não foi encerrado.
Aécio
critica conivência do governo Dilma com corrupção
O senador Aécio Neves (PSDB), (Ayrton Vignola/Folha Imagem)
O senador e ex-governador de Minas Gerais, Aécio Neves, fez
nesta segunda-feira críticas ao governo da presidente Dilma Rousseff e de seu
antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva, e destacou a série de denúncias de
corrupção que envolvem ministros e funcionários de alto escalão. "Para
usar uma expressão da presidente, o malfeito para este governo só é malfeito
quando vira escândalo. Até lá, é bem feito", disse Aécio, na chegada ao
seminário organizado pelo PSDB, no Rio de Janeiro. "O governo age
reativamente."
O presidente do PSDB,
deputado Sérgio Guerra (PE), defendeu o afastamento do ministro do Trabalho,
Carlos Lupi, depois da revelação de um esquema de corrupção no ministério,mostrada
por VEJA desta semana. "Todos os que forem denunciados com lógica e
sentido devem sair", afirmou Guerra.
Aécio definiu o seminário do partido como a "largada para
um novo momento do PSDB". Possível candidato à Presidência em 2014, Aécio
disse, porém, que a discussão é sobre temas nacionais e não sobre eleições. E
criticou o governo Lula por não ter "enfrentado contenciosos", como a
reforma previdenciária e política.
O seminário reúne tucanos como o ex-presidente Fernando Henrique
Cardoso, o governador Geraldo Alckmin e economistas como Pérsio Arida e Armínio
Fraga. O ex-governador de São Paulo José Serra, que estava em viagem ao
exterior, não deverá participar. Alguns tucanos, no entanto, brincavam que ele
ainda poderia aparecer, "atrasado, como sempre".
(Com Agência Estado)
Fonte: Revista VEJA
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